"Não é bonito legalizar a maconha, mas pior é entregar pessoas ao narcotráfico. O único vício saudável é o amor."
José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e símbolo da esquerda latino-americana, faleceu nesta terça-feira, 13 de maio de 2025, aos 89 anos, em sua residência em Montevidéu. Diagnosticado com câncer de esôfago em 2024, Mujica optou por interromper o tratamento em janeiro de 2025, após a doença se espalhar para o fígado, preferindo passar seus últimos dias em paz.
Uma vida de luta e coerência
Mujica teve uma trajetória singular: de guerrilheiro tupamaro nos anos 1960, passando por 14 anos de prisão durante a ditadura uruguaia, até se tornar presidente do país entre 2010 e 2015. Durante seu mandato, implementou políticas progressistas marcantes, como a legalização do aborto, do casamento igualitário e da maconha, tornando o Uruguai o primeiro país a regular a produção e venda estatal da maconha.
Legalização da maconha: um marco global
A legalização da maconha no Uruguai, aprovada em 2013, foi uma das reformas mais emblemáticas de seu governo. Mujica via a medida como uma alternativa à fracassada guerra às drogas, buscando reduzir o poder do narcotráfico e tratar o consumo como uma questão de saúde pública. Ele descreveu a iniciativa como um “experimento”, com o objetivo de oferecer um caminho diferente para lidar com o problema das drogas. José Pepe Mujica
Um legado que transcende fronteiras
Conhecido por seu estilo de vida austero, Mujica recusou luxos presidenciais, doando cerca de 90% de seu salário para causas sociais e vivendo em sua chácara com a esposa, Lucía Topolansky. Seu legado transcende fronteiras, sendo lembrado como um líder que aliou coerência, simplicidade e compromisso com a justiça social.
Despedida de um guerreiro
Em suas palavras finais, declarou: “O guerreiro tem direito ao seu descanso”. Hoje, a América Latina se despede de um de seus líderes mais inspiradores, cuja vida foi dedicada à luta por um mundo mais justo e humano.
Pensamento de Mujica sobre a Legalização:
"Temos cerca de 150 mil consumidores de maconha, que de alguma maneira precisam conseguir a droga porque são viciados. O mercado existe. Nós não o inventamos."
